quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Carlos Lyra - "Compositor, cantor e violonista"


Nascido no Rio de Janeiro, em 11/05/1939, compositor, cantor, violonista.
Nasceu no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro. Filho mais velho de José Domingos Barbosa, oficial de marinha, e de Helena Lyra Barbosa. Irmão de Sérgio Henrique Lyra Barbosa (oficial de marinha) e de Maria Helena Lyra Fialho (professora de artes cênicas). Começou a fazer música com um piano de brinquedo aos sete anos de idade, passando, em seguida, para a gaita de boca. Ainda adolescente, quebrou a perna num campeonato de salto à distância. O acidente lhe obrigou a um repouso na cama durante seis meses. Para passar o tempo, foi-lhe oferecido um violão e o Método Paraguaçu. Ao receber alta do médico, já dominava o instrumento. Estudou no Colégio Santo Inácio, foi semi-interno no Colégio São Bento e concluiu o antigo segundo grau no Colégio Mallet Soares, em Copacabana, onde conheceu o compositor Roberto Menescal, com quem montou a primeira Academia de Violão, por onde passaram Marcos Valle, Edu Lobo, Nara Leão e Wanda Sá, entre outros. Participou da primeira geração da Bossa Nova junto com seu parceiro Ronaldo Bôscoli, os também parceiros Tom Jobim e Vinícius de Moraes e o intérprete João Gilberto, todos representados no LP "Chega de Saudade", lançado em 1959. Saiu do Brasil em 1964, só retornando em 1971. Casou-se com a atriz e modelo norte-americana Katherine (Kate) Lyra, na Cidade do México em 1969, com quem tem uma única filha, Kay Lyra, cantora popular de formação clássica.
Em 1954 escreveu sua primeira canção, "Quando chegares". Ainda nesse ano, Geraldo Vandré, na época apresentando-se como Carlos Dias, interpretou sua composição "Menina" no primeiro festival da canção, realizado pela TV Rio.
Em 1959, suas composições "Maria Ninguém", "Lobo Bobo" (c/ Ronaldo Bôscoli) e "Saudade fez um samba" (c/ Ronaldo Bôscoli) foram gravadas por João Gilberto no LP "Chega de saudade", lançado pela gravadora Odeon.  Em 1960, escreveu a trilha sonora de "A mais-valia vai acabar, seu Edgard", peça teatral de Oduvaldo Vianna Filho com direção de Chico de Assis. Nesse ano, conheceu Vinicius de Moraes, que se tornaria seu parceiro em inúmeras composições de sucesso, como "Você e eu", "Coisa mais linda", "Primavera" e "Minha namorada", entre outras. Participou, ainda, da "Noite do Sambalanço", espetáculo realizado na Pontifícia Universidade Católica (RJ), ao lado de Sylvia Telles, os irmãos Castro Neves e Juca Chaves, entre outros.

Atuou como diretor musical da Rádio Nacional, exercendo o cargo até o golpe militar em 1964. Nesse ano, viajou para os Estados Unidos, onde participou, com Stan Getz, do Festival de Jazz de Newport.
Apresentou-se,em 2005, no Martinus Concert Hall, em Helsinki. Nesse mesmo ano, foi contemplado com o Prêmio Shell de Música, pelo conjunto de sua obra. Também em 2005, participou, como convidado especial, do show "Bossa entre amigos", no Bar do Tom. Nesse mesmo ano, fez show no Songbook Café (RJ) e atuou na segunda apresentação do espetáculo "Bossa nova in concert", no Pátio dos Patins (RJ). Também em 2005, lançou o DVD "50 anos de música" e estreou o documentário "Coisa mais linda - "Histórias e casos da bossa nova", de Paulo Thiago.


Ouça um sucesso do artista: Maria Ninguém

Toquinho - "Referência em músicas infantis dos anos 80"


Toquinho, nome artístico de Antonio Pecci Filho, (São Paulo, 6 de julho de 1946) é um cantor, compositor e violonista brasileiro.
Toquinho da mãe e já aos quatorze anos começou a ter aulas de violão com Paulinho Nogueira. Estudou harmonia com Edgar Janulo, violão clássico com Isaías Sávio e fez curso de orquestração com Léo Peracchi. Teve aulas e tornou-se amigo de Oscar Castro Neves.
Começou se apresentando em colégios e faculdades e profissionalizou-se nos anos sessenta, em shows promovidos pelo radialista Walter Silva no famoso teatro Paramount em São Paulo. Compôs com Chico Buarque sua primeira canção a ser gravada, Lua cheia. Em 1969 acompanha Chico à Itália, pais onde até hoje se apresenta regularmente.
Em 1970, compõe, com Jorge Benjor, seu primeiro grande sucesso, Que Maravilha. Ainda nesse ano, Vinicius de Moraes, o mundialmente famoso compositor de Garota de Ipanema (com Tom Jobim), o convida para participar de uma série de espetáculos em Buenos Aires, formando uma sólida parceria que iria durar onze anos, 120 canções, 25 discos e mais de mil espetáculos.
Nos anos 80 foi referência nas músicas infantis, com seu principal álbum “Arca de Noé”.
Após a morte do poetinha, Toquinho segue em carreira solo, ou às vezes se apresentando com uma cantora convidada ou com outros compositores, como Paulinho da Viola, Danilo Caymmi, Paulinho Nogueira e MPB-4, em discos e apresentações por vários paises.


Ouça um sucesso do artista: A Bicicleta

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Baden Powell - "O violonista dos afro-sambas"



Baden Powell de Aquino nasceu em Varre-Sai, no Norte fluminense, em 6 de agosto de 1937. Seu pai, Lilo de Aquino, militante do escotismo, deu-lhe o nome do general britânico fundador do movimento.

Ainda em 1937, a família - Seu Lilo, Dona Adelina, Baden e a irmã, Vera (o irmão mais velho, Jackson, já havia morrido) - mudou-se para o Rio, indo morar primeiro em Vila Isabel, depois na Saúde e logo em São Cristóvão, onde Baden Powell passou toda a infância e a adolescência.

Aos 8 anos, foi estudar violão com Jaime Florence, o Meira dos regionais de Benedito Lacerda e Canhoto. Na Escola Nacional de Música, estudou teoria musical, harmonia e composição.

Aos 10 anos, havia vencido o programa Papel Carbono, de Renato Murce, porta de entrada para o rádio. Aos 15, munido de uma autorização do Juizado de Menores, era músico profissional.

Em 1962, conhece Vinícius de Moraes, com quem formaria uma das mais importantes parcerias da música popular brasileira (outro parceiro fundamental seria Paulo César Pinheiro, co-autor de Lapinha, a música vencedora da I Bienal do Samba, em 1969).

Naquele ano de 1962, Baden iria pela primeira vez à Europa, onde se tornaria o artista brasileiro de maior prestígio e chegaria a permanecer, às vezes, até cinco anos, apresentando-se e gravando em vários países.

Faleceu em 26 de setembro de 2000.

Ouça um sucesso do artista: Berimbau

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Elis Regina - "A Pimentinha"



Para muitos, Elis foi a maior cantora brasileira de todos os tempos. Incomparável em técnica e garra, a "Pimentinha", o "Furacão Elis", como era chamada, lançou compositores como João Bosco e Aldir Blanc, Renato Teixeira, Fátima Guedes. A primogênita do casal Romeu Costa e Ercy Carvalho Costa foi a primeira pessoa a inscrever sua voz como instrumento na Ordem dos Músicos.
Em 1956, passou a integrar o elenco fixo do programa, Clube do Guri, da Rádio Farroupilha de Porto Alegre. Em 1959, assinou seu primeiro contrato profissional com a Rádio Gaúcha também de sua cidade natal.
Em 1965, venceu o 1º. Festival Nacional de Música Popular Brasileira (TV Excelsior) com "Arrastão" (Edu Lobo e Vinícius de Morais). Dois dias depois, estreou no Teatro Paramount (SP) o show "Elis, Jair e Jongo Trio", que, gravado ao vivo, se tornou o LP "Dois na Bossa". Com sucesso do disco, ela e Jair Rodrigues estrelaram o histórico programa semanal "O Fino da Bossa".
O programa saiu do ar em junho de 1967, porém, Elis continuou ao lado de Jair Rodrigues nos três programas da série "Frente Única - Noite da MPB" (TV Record). Em dezembro, aos 22 de idade, casou-se com Ronaldo Bôscoli, 16 anos mais velho. Logo, nasceu seu primeiro filho, João Marcelo.
O casamento terminou em 1972 e, em 1974, casou-se com o pianista César Camargo Mariano. Viveu em São Paulo, onde nasceram: Pedro, em 1975; e Maria Rita, em 1977. Em 1981, separou-se de César.
Sua carreira internacional ficou mais importante a partir de 1968, quando cantou nas TVs inglesa, holandesa, belga, suíça e sueca. De volta à TV Record, em 1969, fez a série de programas "Elis Studio", dirigida por Miéle e Bôscoli. Em maio, viajou para Londres, onde gravou um LP com o maestro inglês Peter Knight. Em junho, na Suécia, gravou um LP com o gaitista Toots Thielemans.
"Elis & Tom", disco com Tom Jobim, saiu em 1974. Na inauguração do Teatro Bandeirantes (SP), cantou ao lado de Chico Buarque, Maria Bethânia, Tim Maia e Rita Lee. No ano seguinte, lançou "Falso Brilhante", em disco e nos palcos, show que assistido por 280 mil pessoas.
Pela TV Bandeirantes, em 1979, demonstrou a sua intimidade com São Paulo em um programa no qual passeava pela cidade com Adoniran Barbosa e visitava Rita Lee. E participou do Show de Maio, com renda revertida para o fundo de greve dos metalúrgicos de São Paulo, no estúdio da Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, para 5 mil pessoas.
Naquele ano, gravou "O Bêbado e a Equilibrista", imediatamente apelidado de "Hino da Anistia". No 13º Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, foi aplaudida por 11 minutos. Para agradecer a platéia, fez uma jam session com Hermeto Pascoal.
Em 1980, o show "Saudade do Brasil" reuniu no palco 24 músicos e bailarinos. No ano seguinte, fez o espetáculo "Trem Azul", com cenário de Elifas Andreato. Teve morte repentina, em 19 de janeiro de 1982. Foi velada no Teatro Bandeirantes, e vestia a camiseta proibida pela ditadura militar no show "Saudade do Brasil": a bandeira brasileira, com seu nome escrito no lugar de "Ordem e Progresso".


Ouça um sucesso do artista: Como Nossos Pais

Clara Nunes - "A voz de Ouro"


Clara Nunes nasceu em Paraopeba, MG, em 12 de agosto de 1943. O pai, Mané Serrador, era violeiro e cantador de folias-de-reis. Órfã desde pequena, aos 16 anos foi para Belo Horizonte, onde conseguiu empregar-se como operária numa fábrica de tecidos.
Por essa época cantava no coral de uma igreja, ao mesmo tempo em que, ajudada pelos irmãos, concluía o curso normal. Em 1960 foi a vencedora da final do concurso A Voz de Ouro ABC, em sua fase mineira, com Serenata do Adeus (Vinícius de Moraes), e obteve o terceiro lugar, na finalíssima realizada em São Paulo, com Só Adeus (Jair Amorim e Evaldo Gouveia). Contratada pela Rádio Inconfidência, de Belo Horizonte, durante um ano e meio teve um programa exclusivo na TV Itacolomi. Nessa mesma época, cantava em boates e clubes, tendo sido escolhida, por três vezes, a melhor cantora do ano.
Em 1965 foi para o Rio de Janeiro e passou a apresentar-se na TV Continental, no programa de José Messias. Ainda nesse ano, após teste, foi contratada pela Odeon, que, em 1966, lançou seu primeiro LP, A voz adorável de Clara Nunes, em que interpreta boleros e sambas-canções. Em 1968, gravou Você passa e eu acho graça (Ataulfo Alves e Carlos Imperial), que foi seu primeiro sucesso e marcou sua definição pelo samba.
Em 1972, além de ter realizado seu primeiro show, Sabiá, sabiô (com texto de Hermínio Bello de Carvalho), no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro, lançou o LP Clara, Clarice, Clara, com musicas de compositores de escolas de samba e outras de Caetano Veloso e Dorival Caymmi. Ainda nesse ano, gravou o samba Tristeza pé no chão (Armando Fernandes), apresentado no Festival de Juiz de Fora, que vendeu mais de 100 mil copias. Em fevereiro 1973, estreou no Teatro Castro Alves, em Salvador, com o show O poeta, a moça e o violão, ao lado de Vinícius de Moraes e Toquinho. Em 1973 gravou na Europa o LP Brasília e, no Brasil, o LP Alvorecer, que chegou ao primeiro lugar de todas as paradas brasileiras com Conto de areia (Romildo e Toninho). Em 1974, ao lado de Paulo Gracindo, atuou no Canecão, no Rio de Janeiro, na segunda montagem do espetáculo Brasileiro, profissão esperança, de Paulo Pontes (do qual foi lançado um LP), que contava as vidas de Dolores Duran e de Antônio Maria. Em 1975, ano do seu casamento com o compositor Paulo César Pinheiro lançou Claridade, seu disco de maior sucesso. Outro grande sucesso veio em 1976, com o disco Canto das três raças. Em 1977 lançou As forças da natureza, disco mais dedicado ao samba e ao partido-alto. Em 1978 lançou o disco Guerreira, interpretando outros ritmos brasileiros. Em 1979 lançou o disco Esperança. No ano seguinte veio Brasil mestiço, que incluiu o sucesso Morena de Angola, composto por Chico Buarque para ela. Em 1981 lançou Clara, com destaque para Portela na avenida. No auge como intérprete, lançou em 1982 Nação, que seria seu último disco.
Morreu em 02 de Abril 1983, depois de 28 dias de agonia, hospitalizada após um choque anafilático ocorrido durante uma cirurgia de varizes. Em dezembro de 1997, a gravadora EMI reeditou a obra completa da artista, em 16 CDs remasterizados no estúdio de Abbey Road, em Londres, e embalados em capas que reproduzem as originais.


Ouça uma interpretação do artista: Você Passa e Eu Acho Graça

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Tom Jobim - "O compositor mais sofisticado"


Senão o maior, Antonio Carlos Jobim é um dos maiores nomes da música brasileira em todos os tempos. Nascido no bairro da Tijuca (Rio de Janeiro), em 1927, e falecido em 1994 (nos EUA), Tom Jobim era pianista, arranjador, violonista, cantor, maestro e compositor de alguns dos maiores clássicos de nossa música, como Chega de Saudade, Águas de Março, Garota de Ipanema e Se Todos Fossem Iguais a Você.
Quando jovem, estudou arquitetura e chegou a trabalhar em um escritório, mas logo trocou a carreira de arquiteto pela de músico. Tocava em bares em Copacabana no início dos anos 50, quando foi contratado como arranjador pela gravadora Continental. Incerteza (parceria com Newton Mendonça) foi a primeira música de Tom a ser gravada, por Mauricy Moura. O primeiro sucesso foi Tereza da Praia (Tom e Billy Blanco), nas vozes de Lúcio Alves e Dick Farney.
Reconhecido internacionalmente como um dos compositores mais sofisticados do século passado, Jobim gravou com nomes como Frank Sinatra, Elis Regina e João Gilberto. Garota de Ipanema é uma das músicas mais regravadas e executadas em todos os tempos e suas composições fizeram ou fazem parte dos repertórios de Ella Fitzgerald, Herbie Mann, Chico Buarque, Caetano Veloso, Stan Getz e Maria Bethânia, entre outros.
Elisete Cardoso gravou "Canção do Amor Demais" em 1958, que sinalizou uma parceria próspera entre Vinícius e Jobim.
Já reconhecido como um dos maiores compositores brasileiros, Jobim escreveu uma sinfonia dedicada a Brasília.
Em 1959, recebeu a Palma de Ouro, em Cannes, e o Oscar pela trilha sonora do filme "Orfeu Negro", dirigido por Albert Camus, inspirado em "Orfeu da Conceição".
Tom Jobim compôs com Vinícius de Morais, em 1963, a música que o tornaria mundialmente famoso, "Garota de Ipanema", uma espécie de hino brasileiro que recebeu centenas de gravações. Em 1967, compôs "Wave", também uma canção de grande impacto.
Na década de 1970, Tom casou-se pela segunda vez, com a fotógrafa Ana Beatriz Lontra, na época com apenas 19 anos, com quem teve dois filhos, João Francisco e Maria Luiza.
Com uma bem-sucedida carreira de shows, gravações, entrevistas e homenagens, Tom Jobim dividia-se entre o Brasil e os Estados Unidos.
Em 1993, vários compositores, entre eles Herbie Hancock e Ron Carter, fizeram um tributo a Tom Jobim, no Free Jazz Festival, em São Paulo. Ainda nesse ano, Jobim lançou um novo álbum, "Antonio Brasileiro", com participação de Dorival Caymmi e Sting.
Depois de se apresentar em duas ocasiões no Carnegie Hall, em Nova York, Tom Jobim fez seu último show em Jerusalém, em 1994.
Acometido de problemas circulatórios, realizou uma série de exames, ao fim dos quais foi constatado um câncer na bexiga. Jobim foi operado no Mount Sinai Medical Center, em Nova York, no dia 6 de dezembro de 1994. Dois dias depois, teve uma parada respiratória e faleceu. Seu corpo foi transferido para o Brasil e enterrado no Rio de Janeiro.
Em 2004, a Biscoito Fino lança, em parceria com a Jobim Music, o selo Jobim Biscoito Fino, pelo qual foi lançado o CD Antonio Carlos Jobim em Minas ao Vivo Piano e Voz.


Ouça um sucesso do artista: Wave

João Gilberto - "O pai da bossa nova"


João Gilberto do Prado Pereira de Oliveira nasceu em Juazeiro, interior da Bahia, e residiu durante algum tempo em Salvador, onde trabalhou como crooner.
Em 1949, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde integrou o conjunto vocal "Garotos da Lua", que fazia apresentações na rádio Tupi. João Gilberto também freqüentava a boate Plaza, reduto do cantor Johnny Alf. Demitido do grupo "Garotos da Lua", por seus hábitos estranhos e seus atrasos freqüentes, João Gilberto passou um período difícil em meados dos anos 1950, sendo socorrido por amigos.
Em 1958, acompanhou Elisete Cardoso na gravação de um LP, que incluía a canção Chega de Saudade, considerada o marco inicial da bossa nova. A voz doce aliada à uma original batida rítmica chamaram a atenção do público.
João Gilberto gravou em seguida um disco 78 rotações com a mesma canção e depois um outro disco que incluía "Desafinado". No ano seguinte, lançou seu primeiro LP (long play), chamado "Chega de Saudade", com arranjos de Tom Jobim, que logo se tornou um grande sucesso.
Em curto espaço de tempo, João Gilberto gravou mais três LPs. A criteriosa escolha do repertório, com compositores como Tom Jobim e Dorival Caymmi, e a interpretação originalíssima das canções deram um destaque sem precedentes a João Gilberto. Logo adquiriu a reputação de genial criador de uma nova forma de compor.
No começo dos anos 1960, com a explosão mundial da bossa nova, João Gilberto transferiu-se para Nova York. Apresentou-se no Carnegie Hall, com grande repercussão, e realizou uma grande quantidade de shows nos Estados Unidos. Em 1964, a gravadora Verve lançou o disco "Stan Getz", com participação de João Gilberto. O disco vendeu mais de um milhão de cópias e ganhou seis prêmios Grammy.
Nos Estados Unidos, João Gilberto gravou muitos discos, alguns lançados concomitantemente no Brasil. Gravou, entre outros, "João Gilberto", "White Álbum" e "Amoroso".
Residiu depois por dois anos no México, onde gravou "João Gilberto en Mexico", um disco de boleros, lançado em 1971. Voltou ao Brasil em 1981, fixando-se no Rio de Janeiro. Fez amizade com grandes figuras da música popular brasileira, como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Chico Buarque. Gravou mais alguns álbuns no Brasil, como "João Gilberto Prado Pereira de Oliveira" e "Eu sei que vou te amar". Em 2000, o compositor lançou o CD "João, Voz e Violão".
Suas raras aparições públicas são disputadíssimas e sua vida pessoal continua cercada de mitos. João Gilberto ainda cultiva a mesma fama de perfeccionista, excêntrico, esquisito e genial.

Chico Buarque - "Um dos maiores compositores"


Conhecido principalmente como compositor e cantor de música popular, Chico Buarque trilhou com êxito o caminho da dramaturgia e incursionou pela literatura ficcional.
Uma das características marcantes de sua obra como letrista é a verossimilhança com que retrata o imaginário feminino. Francisco Buarque de Holanda, filho do historiador Sérgio Buarque de Holanda, nasceu no Rio de Janeiro em 19 de junho de 1944.
Chegou à vida universitária no início da década de 1960, auge do movimento popular e estudantil que precedeu o golpe militar de 1964. Suas primeiras canções, como Pedro pedreiro, impregnadas de preocupações sociais, foram seguidas de composições líricas como Olê, olá, Carolina e A banda, esta uma das vencedoras do II Festival de Música Popular Brasileira (São Paulo, 1966).
Ao decretar-se o ato institucional nº 5, em dezembro de 1968, a música popular brasileira se polarizava em torno de dois nomes e estilos: Caetano Veloso, vanguardista e líder do tropicalismo, e Chico Buarque, que freqüentemente apelava para a música da década de 1930, especialmente a de Noel Rosa. Ambos foram vítimas da censura do regime, que lhes vetava grande parte das composições, e se exilaram na Europa.
Com Vinicius de Moraes e Toquinho, Chico compôs o Samba de Orly, sua canção do exílio. Para o teatro, Chico Buarque compôs a música da peça Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, e do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Escreveu, com parceiros, textos e música de Roda viva (1967), Calabar (1973), Gota d'água (1975) e Ópera do malandro (1979). Publicou e encenou textos infantis e escreveu a novela Fazenda modelo (1974) e o romance Estorvo (1991).

Vinicius de Moraes - "O Poeta da Paixão"


Vinícius de Moraes foi um dos mais famosos compositores da música popular brasileira, foi também poeta significativo da segunda fase do Modernismo.
O poeta nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1913, em uma família de intelectuais. Já em 1928, começou a fazer as primeiras composições musicais. Formou-se em Letras em 1929 e em Direto em 1933, ano em que publicou seu primeiro livro de poemas, O caminho para a distância. Tornou-se representante do Ministério da Educação junto à Censura Cinematográfica. Na década de 40 ingressou na carreira diplomática e também no jornalismo, como cronista e crítico de cinema. Como diplomata, viveu durante muitos anos em Los Angeles, Paris e Montevidéu, com alguns intervalos no Brasil. Nesse período conheceu intelectuais e artistas de todo mundo. Nesse período conheceu intelectuais e artistas de todo o mundo.
Na década de 50, interessou-se por música de câmara e popular e começou a compor. Em 56, publicou a peça teatral Orfeu da Conceição, levada ao palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro com grande sucesso. A peça continha músicas do próprio Vinícius e de Tom Jobim. Algum tempo depois João Gilberto juntou-se à dupla, para dar origem ao movimento da bossa-nova. Ainda em 56, publicou o poema "O operário em construção". A partir daí Vinícius dedicou-se cada vez mais à vida de cantor e compositor, compondo e fazendo shows com vários parceiros, como Dorival Caymmi, Tom Jobim, Edu Lobo, Baden Powell, Toquinho, Chico Buarque e outros.
Aqueles que conviveram com Vinícius de Moraes lembram-se de duas paixões centrais do poeta: as mulheres e o uísque.
Casou-se nove vezes, sempre apaixonado pelo novo amor, pondo em prática os versos finais de um de seus sonetos: "Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure". E a cada show, consumia copos e copos de uísque.
Depois de viver infinitamente, morreu aos 67 anos em 1980.